segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Síndrome do Macho

Decidi ressuscitar o blog porque ando muito inquieto com os episódios recentes daquilo que chamo “Síndrome do Macho”, a partir do qual, num viés mais acadêmico, venho analisando o ethos de hipermasculinidade.

Peço desculpas aos especialistas em medicina ou psicologia, uso o termo “síndrome” numa acepção popular, da doxa, sem qualquer conotação científica, já que não estou qualificado nessas áreas. Mas, sendo uma palavra – e a minha área de estudos é a linguagem –, me aproprio de “síndrome” com o significado simples que nos revela o Aurélio: aquele conjunto de sintomas ou sinais associados que podem ser produzidos por uma ou mais causas, por uma alteração genética, ou por uma condição crítica, que pode despertar reações diversas.

Estereótipo do macho
Veja - Caçadores de Neura em Funk Ostentação no Youtube
Assim, chamo de Síndrome do Macho aquela capacidade que determinados homens têm de reagir de forma inapropriada às questões do homem contemporâneo – um homem que precisa ocupar os espaços que lhe foram abertos, novas oportunidades que lhe foram oferecidas, mas que uma boa parte deles – os chamados machistas – rejeita a qualquer custo. Esse dito machista vive num limbo social por não entender que não estamos mais numa sociedade tradicional conservadora como antes (mesmo a tradição conservadora mudou, embora não pareça), não se adequando às novas formas de existência no mundo.

Hoje, o homem é chamado a participar daquilo que, antes, era chamado de “coisa de mulher”: o cuidado com a casa e com os filhos. Apesar de existirem iniciativas que discutem o fato de que Eles também criam e a questão para a Nova masculinidade, duas matérias publicadas pelo jornal espanhol El País, a resistência é grande e ainda há muito caminho a seguir na discussão para uma mudança de mentalidade. O fato é que essa resistência é resultado, sintoma, da síndrome do macho.

Ao meu ver, essa síndrome – e sua variação, a Síndrome do Macho-Alfa (basta olharmos para o recente aumento dos relatos de estupro) – é a responsável por grande parte da violência no mundo. Como nunca fui dado a arroubos de supermacho, sofri (e ainda sofro) com sua violência. Vejo mulheres e muitas minorias (incluindo aí os homens delicados e gentis) sofrerem com a violência. Mas não é meramente uma violência física, aquela visível e explicável. É uma violência no nível do simbólico, que corrói as esperanças, destrói autoestimas, tolhe direitos, subjuga e domina. Quando se percebe, já fomos emaranhados e estamos preso na arapuca armada com disfarces de naturalidade e de normalidade.

Para que o mundo melhore, seja menos violento, precisamos buscar um novo paradigma de masculinidade, que não almeje a dominação e o poder (se é que isto seja possível) - é preciso formas mais amenas de dominação e poder... As estruturas atuais já não cabem mais.

E vamos à luta! A minha, vem pela exposição de minhas ideias.

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